sexta-feira, 13 de março de 2015

Breve Catecismo da Igreja Católica Ortodoxa - Cristo Continua Conosco: A Igreja - 04/09



Dez dias após sua Ascensão ao céu e cinquenta dias após a sua Ressurreição, Ele enviou o Espírito Santo, a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e é enviado pelo Filho. Os Discípulos viram realmente a presença do Espírito Santo pousando sobre as suas cabeças em forma de línguas de fogo.

As Santas Escrituras

Na Sagrada Escritura, encontramos todos os eventos: a Criação do mundo, a Queda do homem e a Encarnação de Jesus Cristo. A Sagrada Escritura consiste em 49 livros do Velho Testamento e 27 livros do Novo Testamento. Todos nós devemos estudar a Sagrada Escritura a vida da Igreja e os ensinamentos dos santos Padres. Cristo é o Centro da Sagrada Escritura: O Velho Testamento profetisa e prepara a sua chegada; o Novo Testamento descreve e apresenta a sua vida e obras. Isto está bem expresso no evento da Transfiguração do Senhor: Os Apóstolos representam o Novo Testamento e os dois homens que aparecem ao lado de Jesus, Moisés e o profeta Elias, representam o Velho Testamento.

A Santíssima Trindade

Um dos propósitos básicos da Encarnação de Cristo foi revelar que Deus é Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Cristo revelou esta verdade à Samaritana, entre outros, quando falou: “Deus é Espírito, e aqueles que O veneram devem fazê-lo em espírito e verdade”. Isto significa que Deus Pai, é venerado em Jesus cristo e no Espírito Santo.

Há perfeita unidade entre as pessoas da Trindade, segundo a substância, a natureza e a forma e trindade segundo a propriedade e o nome, porque um é chamado Pai, outro Filho, outro Espírito Santo, a mesma natureza, nas distintas pessoas. Neste aspecto o ser humano é bem diferente de deus.  Todos os homens têm a mesma natureza, mas são pessoas diferentes.

Na Divina Liturgia cantamos: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo, Trindade consubstancial e indivisível”. A grande verdade da Trindade Divina não pode ser abarcada pela razão humana, mas é um objeto de Revelação. Quando o homem obtém a deificação, - a Visão da Luz Incriada, compreende então que Deus é Triúno. Os Discípulos no Monte Tabor foram transformados, e assim viram a divindade da Palavra como Luz, o Espírito Santo como uma Nuvem Luminosa, e ouviram a voz do Pai. Permanecendo unidos à Igreja recebemos as energias de Deus Triúno, adquirimos o conhecimento divino e somos fortalecidos em nossa vida espiritual. A hospitalidade de Abraão é uma representação iconográfica da Tri-unidade (Trindade) que não foi apenas revelada por Cristo, mas que se manifestou a nós, através de suas obras.

História Espiritual da Igreja

Com a criação dos anjos e dos homens temos a primeira fase da Igreja.  Então, através da Queda dos homens ocorreu, consequentemente, a Queda da Igreja. No entanto, uma pequena parte da Igreja permaneceu nas pessoas dos Profetas e dos homens justos do Velho Testamento.

Através da encarnação de Cristo e, de modo especial, os apóstolos, pela descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tornaram-se membros do Corpo de Cristo. Assim, a Igreja do Velho Testamento, que era espiritual, tornou-se agora carnal, o Corpo de Cristo.

O Pentecostes está associado à Sagrada Eucaristia, pois a Igreja, como Corpo de Cristo, tem seu início no Pentecostes e se alimenta da Eucaristia, que é o centro e a vida da Igreja. A Igreja não é uma Instituição humana, mas uma Instituição divina, não é uma corporação, mas o Corpo de Cristo. Cristo é a cabeça da Igreja e seus membros são os cristãos batizados que vão conformando suas vidas à Cristo.  Não há definição melhor para Igreja que a de "Corpo de Cristo".

Missão da Igreja

Na Sagrada Escritura há muitas imagens que revelam a natureza de sua obra e de sua missão.

A principal imagem usada por Cristo é aquela da vinha. Ele, Cristo é a vinha e os fiéis são o ramos enxertados que se unem a Cristo e recebem d'Ele toda a sua força.

Em outro lugar a Igreja é chamada de rebanho, porque é conduzida pelo próprio Cristo o sumo e verdadeiro pastor e liderada também por Ele.

É caracterizada ainda como um casamento, para mostrar a unidade dos fiéis com Cristo: Cristo é o Noivo e a Igreja é a Noiva.

É chamada também de Reino porque Cristo é o eterno Rei e os cristãos seus súditos que fazem a sua vontade.

O Que é e onde Está a Verdadeira Igreja

 A Igreja é a arca da salvação.  De longe, ela lembra a arca do Velho Testamento que salvou Noé com sua família e várias espécies de animais, do grande Dilúvio. Todos os que entram para a Igreja e se esforçam para cumprir os mandamentos de Deus são salvos. A Igreja Ortodoxa preservou a Verdade como Cristo a revelou aos seus santos apóstolos, e eles a transmitiram a nós como herança, e assim como todos os santos a viveram.

É desta Igreja Ortodoxa que os outros cristãos saíram e outras "igrejas" cristãs ou confissões foram formadas, como por exemplo as igrejas não-calcedonianas orientais, como a Siríaca, Copta, Armênia, Etíope, etc. Incluí-se também, a Igreja Católica Romana que tem como autoridade máxima o Papa de Roma e as Igrejas Protestantes ou Evangélicas, que saíram da Igreja Romana e se subdividem em diversos outros ramos.

Existem ainda outras religiões, tais como o hinduísmo, bramanismo, budismo, islamismo etc., que também não fazem parte da Igreja e não levam a salvação mesmo que seguíssemos seus ensinamentos a risca, pois a salvação é a participação nas Energias de Deus através do próprio Corpo de Cristo e não mera obediência a comportamentos, regras e crenças.

Quem são os membros da Igreja

Os verdadeiros membros da Igreja são os santos, isto é, os Profetas, Apóstolos, Mártires, homens santos e Ascetas, e aqueles que viveram no mundo, foram favoráveis a Deus e adormeceram em paz.

De um modo geral os membros da Igreja são os deificados, aqueles que em diferentes níveis participam da indestrutível Graça divina. Os que vivem uma vida sacramental e procuram orientar suas vidas pelas dos santos, lutam, buscando a salvação são, também eles, membros da Igreja.

Como fazer para sermos membros vivos e não mortos da Igreja?

Os Santos Padres da Igreja nos ensinam que há três principais sacramentos na Igreja:

O primeiro é o Batismo, que é chamado de Sacramento da Iniciação Cristã, porque é através dele que nos tornamos membros da Igreja.

O segundo é o Sacramento da Crisma, pelo qual recebemos os dons do Espírito Santo e que é ministrado logo após o Batismo, (num único e mesmo ofício).

O terceiro é a Santa Eucaristia - (comunhão), a qual depende tanto do Batismo e da Crisma ortodoxos que é ministrada logo depois de ambos, mesmo para os bebês.

Nós recebemos o santo Batismo para que, como membros da Igreja possamos comungar o Corpo e Sangue de Cristo e só podemos comungar o Corpo e Sangue de Cristo se tivermos sido recebidos na Igreja Ortodoxa através do Batismo ou do Crisma ortodoxos.

Uma vez que o Batismo não é garantia de que nos conservaremos sem pecar, dispomos do sacramento da Penitência ou Confissão, que é como um segundo Batismo, pois nos devolve aquela pureza que adquirimos através do santo Batismo e nos faz, de novo, membros vivos da Igreja. Confessamos os nossos pecados ao nosso pai espiritual e, por meio dele, recebemos o perdão divino (a cura).

Outro Sacramento é o da Ordem. Através do Sacramento da Ordem a Graça apostólica e a benção são transmitidas a todas as gerações. O Clero é sucessor dos apóstolos.  (seus membros) celebram o Sacramento da Eucaristia, administram todos os demais sacramentos, guiam e curam o povo de Deus.

Através do Sacramento do Matrimônio o homem (noivo) une-se a mulher (noiva) para constituir uma família Cristã.

Também há o Sacramento da Santa Unção, pelo qual nosso corpo é ungido com o santo óleo dos enfermos e suplicamos insistentemente a Deus pela cura de nosso corpo e de nossa alma.

O Batismo

O Batismo é também denominado o "Sacramento da Iniciação Cristã", porque nos tornamos, por ele, membros da Igreja de Cristo.  No Sacramento do Batismo, nós renunciamos ao demônio, (suas obras, seus anjos, suas pompas e suas seduções), ou seja, nos libertamos do poder das trevas, que age em nós através das paixões e desejos, e, assim, permanecemos unidos a Cristo. A imagem de Deus em nós fica purificada e o nome que recebemos se torna iluminado. Somos trazidos de volta ao Paraíso que tínhamos perdido pelo pecado.

Para um cristão ortodoxo não é suficiente ter sido batizado, mas, ele deve viver a vida sacramental da Igreja, orar a Deus e sentir que é membro da comunidade de fé como a uma família. E, vivemos assim quando vamos regularmente à Igreja e comungamos, especialmente aos domingos e nas Grandes Festas.  Sentimos, assim, que não somos órfãos e sozinhos, porque temos um Pai comum e muitos irmãos. Sendo a Igreja Ortodoxa uma família, um lugar de cura do corpo e da alma, porque restaura nossa comunhão com Deus, isto implica que os membros do seu Clero, são como pais desta família, pastores deste rebanho espiritual, que eles conduzem para as "verdes pastagens", e que são também médicos que curam as enfermidades.

A Eucaristia ou Santa Comunhão

O maior Sacramento da Igreja é a Eucaristia. É, na verdade, o centro da vida da Igreja. Todos os outros Sacramentos relacionam-se a este grande Sacramento. Durante a celebração da Eucaristia (Divina Liturgia), o sacerdote suplica ao Pai que envie o Espírito Santo para transformar o pão e vinho no Corpo e no Sangue de Cristo. Sem a Eucaristia a Igreja não poderia existir. O Sacramento da Santa Eucaristia é celebrado para que possamos partilhar do Corpo e Sangue de Cristo. Jesus Cristo disse: “Se não comerdes da carne do Filho do Homem e não beberdes do seu Sangue, Não tereis a Vida em Tu”. Através da Santa Eucaristia recebemos a verdadeira Vida que é Cristo. Portanto, devemos comungar frequentemente. Mas, a participação frequente na Divina Eucaristia, requer sempre que estejamos espiritualmente preparados, antes de nos aproximarmos do Santo Cálice. E a preparação necessária, consiste no batismo ou crisma ortodoxos, arrependimento, confissão, e oração.

A Santa Comunhão nos é dada para que possamos partilhar do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. É, portanto, a comunhão do homem com Deus; não uma questão de sentimento ou ato simbólico. Através da Santa Comunhão com o santíssimo Corpo e o Precioso Sangue de Cristo nos tornamos Um com Ele. Ao mesmo tempo entramos em comunhão com todos os nossos irmãos e os reconhecemos como irmãos do Senhor, e filhos amados do único e mesmo Pai.

O Clero e os Leigos

Os membros do Clero são imagens visíveis de Cristo: Como Cristo, nos amam como Pai; conduzem-nos como Bom Pastor, e, como médicos do Divino Médico, curam as nossas enfermidades, porque são pais, pastores e médicos. O sacerdócio pleno é constituído de três graus: diaconato, presbiterado e episcopado.

Os bispos são sucessores dos santos Apóstolos.  Eles são, no sentido pleno da palavra, os pastores que conduzem o Povo de Deus, e, exclusivamente eles, administram o Sacramento da Ordem. Os padres (presbíteros) são responsáveis pelas Paróquias, e, com a bênção do bispo realizam todos os sacramentos, exceto aquele da Ordem.  Os diáconos auxiliam o bispo e os sacerdotes, e não podem realizar nenhum Sacramento. Na sequência do Sacramento da Ordem, primeiro vem o diaconato, depois o presbiterado, e só por último, o grau do episcopado (bispo).

Além do clero ordenado existem muitas outras funções auxiliares na Igreja, que inclui o leitor, que recita ou canta a leitura das epístolas, os cantores, que participam do coro daquela paróquia e que representam toda a comunidade, o sacristão, que zela pela ordem da Igreja e prepara o que é necessário para a realização dos Divinos Ofícios etc. A recepção destes ministérios (funções) acontece durante um ofício especial com uma oração específica feita pelo arcipreste. Este ofício é chamado de Imposição de mãos, que não deve ser confundido com o Sacramento da Ordem.

Para o bom funcionamento da Paróquia existem ainda outras pessoas que auxiliam o Clero. 
Entre eles estão os administradores, leigos que zelam pela administração dos bens e dos recursos financeiros da paróquia, e cuidam das necessidades daquela comunidade.  Em geral, é também mantido um fundo administrado por vários membros da Comunidade, para socorrer aos mais necessitados, e para ações filantrópicas e assistenciais em geral.

A Unidade da Igreja

A Igreja é uma, porque o Corpo de Cristo é Um. Do mesmo modo como Cristo não teve muitos corpos, também não pode propriamente existir "várias Igrejas". Por mais que um grupo seja sincero e bem intencionado não basta “seguir a Bíblia” para ser membro da Igreja. Igualmente, por mais semelhante que sejam com a Igreja no que tange a clero, sacramentos, santos, aparência do templo e teologia, os grupos que se separaram da Igreja Católica Ortodoxa não são parte dela e por isso é errado participar de ritos heterodoxos, romanos ou não-calcedonianos (igrejas orientais siríaca, copta, etc), como se fossem ortodoxos.

A Igreja Una, que é a Igreja Católica Ortodoxa, é constituída de muitas jurisdições (grega, ucraniana, antioquena, etc.) sem prejuízo da unidade da Única Igreja de Cristo. Assim, temos as Igrejas Patriarcais, as Igrejas Ortodoxas Autônomas, e as Autocéfalas. Cada Igreja particular está organizada em Metropolias - (Arquidioceses), Eparquias (Dioceses), e estas, por sua vez, em Paróquias, Comunidades e Missões, para melhor servir assim as necessidades espirituais dos fiéis. Mas a unidade da Igreja de Cristo não é quebrada por esta organização. Em cada Metropolia, Eparquia ou Paróquia em comunhão entre si, está presente a totalidade da Igreja de Cristo.

Assim como acontece com o pão, o Corpo de Cristo, na Divina Liturgia: é cortado em pedaços, mas não quebrado. Cada Cristão que recebe a comunhão não recebe uma parte apenas do Corpo de Cristo, mas, o Cristo por inteiro. A unidade de todas as Igrejas Ortodoxas particulares que constituem a Igreja Una é salvaguardada pela mesma Fé (ortodoxa), a pela mesma Tradição, estando assim, em comunhão umas com as outras. Esta comunhão é expressa na menção do Bispo, durante a Divina Liturgia. Durante a Divina Liturgia e em todos os outros Ofícios o celebrante menciona o nome do seu Bispo, o Bispo menciona o do seu Arcebispo, e o Arcebispo o do seu Patriarca.

O Templo

O encontro dos membros de uma comunidade para a celebração da Divina Liturgia (Eucaristia) e/ou outros Ofícios Litúrgicos, acontece num local especial chamado Templo Santo. Sendo neste lugar sagrado que os membros da Igreja se reúnem uma vez que eles constituem propriamente a "Igreja", este lugar é também chamado a "igreja". Nos primeiros tempos existiam as "igrejas domiciliares", e as "catacumbas" durante o tempo das perseguições.

Após o final das grandes perseguições à Igreja Cristã, os Templos sagrados foram sendo edificados. Todos os sacramentos são ministrados na igreja, especialmente o sacramento da Eucaristia. Além dos sacramentos, todos os outros ofícios Litúrgicos também acontecem na igreja: os Ofícios de Matinas, Vésperas, Paráklisis à Virgem Maria, Akatistos à santa Mãe de Deus.  Cada ofício tem um sentido e uma finalidade especial, e devemos participar deles tão regularmente quanto possível. Sendo a igreja o lugar próprio para as celebrações litúrgicas, existem muitos objetos para este uso nos diversos Ofícios, tais como o Cálice, o Evangeliário, a Cruz de bênçãos, o Turíbulo, o Zéon ou Teplotá (recipiente em que é servida a água, que, ainda fervendo, será derramada no Cálice após a fração do pão), a Lança, a Colher de Comunhão etc.

Ao entrar numa igreja ortodoxa percebemos logo a presença predominante dos santos ícones. Eles estão por toda parte e em toda igreja, não só na Iconostase, mas também nos estandartes processionais, nas paredes, nos porta-ícones, nos altares etc.

O ícone não busca fazer uma representação física da pessoa representada nele. Não é um retrato, mas quer mostrar a vida transfigurada da pessoa, sua vida como chegou a ser iluminada por Deus, com a luz do Tabor, a luz da Transfiguração de Cristo.

Beijamos os santos ícones, fazendo o sinal da cruz e uma reverência, reconhecendo que os santos neles representados experimentaram também a cruz de Cristo em suas vidas. Reconhecemos assim que também nós participamos desta vida, desta vida da cruz que nos ensina a viver os mandamentos de Cristo. Quando beijamos os santos ícones não estamos beijando o objeto de madeira ou qualquer outro material de que é feito, mas a pessoa que ele nos apresenta; ou seja, a honra que prestamos se dirige ao seu protótipo.

Vida Após a Morte

O principal objetivo da encarnação de Cristo foi a abolição da morte. Através da Paixão, Crucificação, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo aboliu a morte.  A morte já não tem mais o poder que tinha no Antigo Testamento. Através do Batismo e da Eucaristia nós nos tornamos realmente membros da Igreja, e experimentamos a abolição da morte, porque nos tornamos membros do Corpo ressuscitado de Cristo estamos em comunhão com seu Corpo ressuscitado e glorificado. Ou seja, estamos aptos a experimentar a abolição da morte espiritual, porque estamos unidos com Cristo e possuímos a certeza que nossos corpos ressuscitarão na sua Segunda Vinda.

Na Igreja Ortodoxa a morte é chamada de dormição. Uma festa que leva esse nome é a da Dormição da Mãe de Deus.  Todos os domingos a Igreja celebra a vitória de Cristo sobre a morte e em todos os dias de festas, porque o dia da morte de todos os santos é glorioso e sua memória é por isso celebrada. Após a partida temporária da alma de uma pessoa, seu corpo é sepultado com reverência e cuidado num lugar especial chamado cemitério, um lugar de repouso, porque a pessoa está simplesmente adormecida até a Segunda Vinda de Cristo. A Igreja celebra ofícios litúrgicos especiais pelo repouso daqueles que adormeceram, tais como: Exéquias, Panaheda e o Triságion. As veneráveis relíquias dos santos, ou seja, dos mártires e ascetas são uma evidência que a morte foi abolida. Os corpos dos santos exalam aromas agradáveis, realizam milagres e não deterioram. Isto mostra que os santos estão adormecidos, que não há morte. Todas estas coisas são explicadas pelo fato de que quando as almas dos santos são separadas dos seus corpos, a divina Graça não é quebrada, mas permanece tanto no corpo quanto na alma. Esta é a fé firme da Igreja: que Jesus Cristo voltará novamente para julgar os vivos e os mortos, como Ele próprio revelou.

O fato que Ele voltará novamente não quer dizer que Ele já não esteja conosco, pois Ele é a Cabeça da Igreja, a qual é Seu Corpo. Isto quer salientar que Ele virá, e que nossos corpos ressuscitarão para um último julgamento (Juízo Final), e os que forem julgados justos entrarão em corpo e alma no Reino de Deus. A vinda de Cristo é chamada Segunda Vinda, porque será distinta da primeira: A primeira vinda, a Encarnação, foi humilde, e de alguma forma inglória, pois os homens não O reconheceram e crucificaram-nO. A Segunda Vinda será evidente e gloriosa uma vez que todos O reconhecerão e Ele virá acompanhado pelos anjos. Nós temos a certeza de que Cristo voltará, não importa o que aconteça, mas não sabemos exatamente quando. Ele mesmo disse que o dia e a hora não são conhecidos. Jesus Cristo virá de repente quando os homens não estiverem esperando por Ele.  

Por isso é que devemos estar sempre preparados. A ressurreição dos corpos e o julgamento dos homens estão intimamente relacionados com a Segunda Vinda de Cristo.  As almas voltarão aos seus corpos, os corpos se levantarão dos túmulos, e seremos revestidos com corpos espirituais, que não necessitarão de comida, roupa, sono etc., e haverá um tribunal.  Seremos julgados de acordo com nossas obras de amor. No ícone da Segunda Vinda há uma cena que é chamada de preparação do trono. Há um trono e nele o livro do Evangelho.  Isto significa que seremos julgados com base no Evangelho, nos divinos mandamentos de Cristo, se os observamos em nossa vida diária. Após o Grande e Temível Tribunal terá início o Reino de Deus, que não é nada mais do que a participação na deificante Energia Divina, comunhão e união com Deus, visão e participação na divina Graça. Os justos já desfrutam do Reino como promessa; eles têm um antegozo desta realidade, depois que suas almas deixam seus corpos. Após a ressurreição dos corpos, desfrutarão dele eternamente. Os que não se arrependeram de seus pecados, e não buscarem a cura divina para as suas almas, não participarão da comunhão com Deus, estarão privados do Divino Amor, e isto é chamado de Inferno.

Nós que vivemos na Igreja Ortodoxa seguimos os mandamentos de Deus, participamos da vida sacramental da Igreja para viver eternamente com Deus Triúno em seu Reino.

Um comentário:

Francisco Costa disse...

Gostei muito do artigo. Mas em abono da verdade histórica, a Igreja de Jesus no primeiro milénio sempre foi chamada de CATÓLICA, APOSTÓLICA, UNA e SANTA. A Ortodoxia impôs-se como substantivo a partir de 1054.