domingo, 8 de fevereiro de 2009

O dia em que eles começaram a matar cristãos

Tradução de: http://fatherjohn.blogspot.com/2005/02/day-they-began-killing-christians.html
Elevando seus braços aos céus, o Metropolita Vladimir orou em voz alta:
"Ó Deus, perdoa meus pecados, voluntários e involuntários, e aceita meu espírito em paz."
Então ele abençoou seus assassinos com ambas as mãos e disse:
"Meu Deus os abençoa e perdoa."
No silêncio da noite, quatro tiros foram ouvidos, então mais dois, e mais...
O Hieromártir Vladimir de Kiev, 7 de fevereiro de 1918


Neste domingo que se aproxima (8 de fevereiro de 2009), a Igreja Ortodoxa Russa celebra a memória dos Novos Mártires eConfessores da Rússia, que foram assassinados pelos comunistas. O motivo pelo qual este domingo em particular foi escolhido é que ele é o mais próximo do dia em que o primeiro Mártir do Jugo Comunista foi assassinado (25 de janeiro no Calendário Ortodoxo, 7 de fevereiro no calendário civil).

Talvez não seja coincidência que este mártir tenha sido o metropolita Vladimir de Kiev, que porta o nome de S. Vladimir, o Grande, que iluminou a terra russa com a fé cristã; e que tenha sido o Metropolita de Kiev, a cidade-mãe da Rússia que testemunhou o batisma da velha Rus em 988 DC. Este era o início de um novo batismo da Rus( http://saintjohnwonderworker.org/baptism.htm ) e através da fé e das orações dos Novo Mártires, vemos hoje o início de um renascimento do Cristianismo Ortodoxo na Rússia.

É especialmente comovente ler sobre a reação dos fiéis, que em todas as suas vidas leram sobre os mártires do passado, mas que pela primeira vez viram um em carne e osso. Este foi apenas o primeiro de milhões assassinados pelos comunistas por se recusarem a dobrar os joelhos ao estado ao invés de Deus. ( http://www.allsaintsofamerica.org/martyrs/nmruss.html )

Eis aqui o relato de seu assassinato nas mãos dos comunistas:
( http://www.orthodox.net/russiannm/vladimir-metropolitan-and-hieromartyr-of-kiev.html ):

Cápsulas de artilharia começaram a cair nas cavernas da Lavra de Kiev no dia 15 de janeiro e continuaram por vários dias. Entretanto, o metropolita continuou com suas obrigações religiosas, demonstrando grande calma, e no dia 23 de janeiro celebrou sua última Divina Liturgia com a irmandade da Lavra. No dia 23 de janeiro, os bolsheviques invadiram a Lavra, cometendendo jamais vistos atosde sacrilégio e pilhagem, debochando e chicoteando os monges e matando os oficiais e pessoal militar que lá estavam. A despeito da comoção, o metropolita oficiou um acatisto à Dormição da Mãe de Deus na grande igreja da Lavra, o qual acabou sendo seu último ofício na terra. Então ele e o Bispo Teodoro de Priluki, foram para o altar da igreja menor, a qual era dedicada à S. Miguel, primeiro metropolita de Kiev.

A noite de 25 de janeiro foi alarmante. Quatro homens armados e uma mulher,vestida como uma enfermeira da Cruz Vermelha, invadiram as instalações do superior, realizaram uma busca detalhada e levaram tudo de valor. No meio danoite, três deles saíram "para fazer reconhecimento" e roubaram o tesoureiro e o preposto. Mais tarde, três Vermelhos armados vasculharam os aposentos do metropolita e, não encontrando nada de valor, levaram uma medalha de ouro do cofre.

Às seis e meia da tarde, a campainha tocou fortemente três vezes. Cinco homens, vestidos com uniformes de soldados e liderados por um marinheiro, entraram na casa e perguntaram por "Vladimir, o metropolita". Foram guiados descendo as escadas até a cela do arquipastor. O metropolita saiu para encontrá-los, e então foi levado para o quarto onde ficaram por vinte minutos atrás de portas trancadas. Lá o Metropolita Vladimir foi torturado e estrangulado com a corrente de sua cruz, insultado e ordenado a entregar-lhes dinheiro. Depois, os presentes encontraram no chão do quarto pedaços de uma corrente quebrada, uma corda de seda, uma caixinha com relíquias sagradas e um iconezinho que o metropolita sempre usava no pescoço.

Quando o metropolita saiu vinte minutos depois, cercado por seus torturadores, estava vestindo sua batina, uma panaguia ( http://en.wikipedia.org/wiki/Panagia#Vestment ) e um klobuk branco (http://en.wikipedia.org/wiki/Klobuk) na cabeça. Nos primeiros degraus ele foi abordado pelo servente da cela, Philip, que lhe pediu sua benção. O marinheiro o empurro, gritando:

"Pare de mostrar respeito a esses sanguessugas! Chega disso!"

O metropolita foi até Philip, abençou-o, beijou-o e apertando sua mão disse:

"Adeus, Philip."

E então enxugou suas lágrimas. Philip relatou mais tarde que quando se separaram o metropolita estava calmo e solene, como se estivesse saindo para a igreja, para celebrar a Santa Liturgia.

Este velho, humilde e inocente servo de Deus foi para sua morte sem qualquer sinal de fraqueza ou medo. Enquanto era levado para fora do monastério, persignou-se e suavemente cantou uma oração.

Uma testemunha ocular relata que o Metropolita Vladimir foi levado de carro dos portões do monastério até o local da execução. No seu caminho do carro até uma pequena clareira perto de uma parede fortificad, ele perguntou:

"É aqui que vão atirar em mim?"

Um dos assassinos respondeu:

"Por que não? Você espera que façamos cerimônia para você?"

Quando o metropolita pediu permissão para orar antes de ser alvejado, a resposta foi:

"Seja rápido com isso!"

Elevando seus braços aos céus, o Metropolita Vladimir orou em voz alta:

"Ó Deus, perdoa meus pecados, voluntários e involuntários, e aceita meu espírito em paz."

Então ele abençoou seus assassinos com ambas as mãos e disse:

"Meu Deus os abençoa e perdoa."

No silêncio da noite, quatro tiros foram ouvidos, então mais dois, e mais...

"Estão atirando no metropolita!", disse um dos monges na Lavra.

"São tiros demais para um assassinato só", replicou outro.

Ao som dos tiros, cerca de quinze marinheiros com revólveres e lanternas correram para o quintal do monastério. Um deles perguntou:

"Eles levaram o metropolita?"

"Levaram para fora dos portões", responderam os monges timidamente.

Os marinheiros correram, e em vinte minutos voltaram.

"É, nós achamos ele," eles disseram, "e vamos cuidar de cada um de vocês da mesma forma".

Existe um outro relato da morte do metropolita. O arquimandrita Nicanor Troitsky lembra que quando era menino, sua mãe correu com ele até a Lavra, onde um círculo de soldados estava impedindo uma multidão de se aproximar da cena da execução. Ele lembra que o metropolita foi arguido sobre uma série de questões, e cada vez que dava uma resposta insatisfatória uma baioneta lhe golpeavao corpo até que ele se tornou uma fonte de sangue. Depois da execução a multidão quebrou o cordão de soldados. Então a mãe do Pe. Nicanor disse-lhe para por os dedos no sangue do metropolita martirizado, fazer uma cruz na testa, e lembrar que tinha testemunhado a morte de um verdadeiro mártir, a cuja confissão ele deveria ser fiel por toda a sua vida....

O silêncio não foi quebrado novamente naquela noite. O monastério dormia, e ninguém parecia se dar conta de que apenas a mil pés dos portões norte da Lavra, em uma poça de sangue, jazia o corpo estilhaçado do santo metropolita.

Ao nascer do sol, algumas mulheres peregrinas apareceram nos portões da Lavra, e os monges ouviram delas onde estava o corpo mutilado do metropolita. A irmandade decidiu trazer o corpo para o monastério, o que necessitou de permissão das autoridades comunistas. Às nove horas, o arquimandrita Anthimus, acompanhado por quatro assistentes hospitalares, foi até a cena do assassinato.

O metropolita estava sobre suas costas coberto com um sobretudo. Faltavam sua panagia, seu klobu e cruz, galochas, botas, meias, relógio de ouro e corrente. A autópsia mostrou que havia sido assassinado com balas explosivas e perfurado em vários locais com armas afiadas e frias. Suas mãos estavam congeladas na posição de benção.

Depois de oficiar uma litiya no local onde o metropolita havia morrido, colocaram o corpo na maca e, por volta de onze da manhã, o trouxeram para a igreja de S. Miguel, onde o metropolita assassinado havia passado as últimas horas de sua vida. Enquanto o Arquimandrita Anthimus estava erguendo o corpo, foi cercado por mais ou menos dez homens que começara a debochar e insultar os restos mortais do metropolita.

"Você quer enterrá-lo! Mas ele merece ser jogado na sarjeta! Vocês querem fazer relíquias dele, é por isso que estão guardando-o!", gritavam.

Enquanto a lamuriosa procissão fazia seu caminho até a Lavra, mulheres pias que estavam passando, choraram e oraram, dizendo:

"O sofredor e santo mártir, que o Reino de Deus seja para ele!"

"Um reino dos céus? Seu lugar é no inferno, no lugar mais profundo!", replicavam os fanáticos.

Depois do corpo do metropolita ter sido fotografado e vestido apropriadamente, o vice-abade da Lavra, Arquimandrita Clemente, e os irmãos mais antigos do monastério oficiaram uma panikhida. No dia 27 de janeiro, o Metropolita deTbilisi, que estava representando o Patriarcado Russo no Concílio Ucraniano,oficiou uma panikhida para o metropolita em Kiev. No dia 29 de janeiro, o corpo foi transferido para a Grande Igreja das Cavernas da Lavra de Kiev, e depois do ofício funerário, foi enterrado na igreja da Elevação da Cruz, nas Cavernas Próximas.

No dia 15/28 de fevereiro de1918,uma sessão do Concílio da Igreja Russa em Moscou foi dedicada à memória do metropolita assassinado.

O metropolita Vladimir foi o hierarca que arcou com o fardo do primeiro assalto revolucionário à Igreja Russa. Era portanto apenas adequado que ele se tornasse o primeiro novo mártir hierarca. E no dia 5/18 de abril, o Concílio Russo decretou que o domingo mais próximo da data de seu martírio, 25/01-07/02, deveria ser a data da comemoração anual de todos os santos novos mártires e confessores da Rússia.

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